quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O Valor da Memória

“Então tomou Samuel uma pedra, e a pôs entre Mizpá e Sem, e chamou-lhe Ebenézer; e disse: Até aqui nos ajudou o SENHOR.” I Samuel 7.12
  
Somos marcados pela cultura do imediatismo e do sepultamento das memórias. Monumentos públicos são pichados, prédios históricos depredados, objetos antigos queimados etc. Mais que atos de vandalismo, trata-se de nosso modo de enxergar o mundo e dar sentido às coisas. E sinceramente, o que se revela é nossa incapacidade de perceber a importância de uma memória, de um registro. Trazendo esta realidade para o campo pessoal, em termos de princípios, não diferimos muito dos “vândalos”, que ultrajam os memoriais públicos, como que zombando do passado. Pois de forma similar, somos anti-preteristas, sepultamos nosso passado; esquecemos facilmente do que Deus nos fez, dos milagres que experimentamos, dos livramentos recebidos. Parece que o que conta é o momento, é o tempo chamado imediato. Não vivemos de passado, mas o passado que nos remete aos grandes marcos da nossa existência não podem ser apagados. Não se trata de apenas recordar, mas acima de tudo renovar nossa fé e gratidão. À medida que nosso olhar se desloca para o passado, e neste passado encontramos os momentos exatos em que fomos tocados por Deus, não tem como ignorar: nosso amor pelo Senhor é revigorado. Então, de certa forma, tal passado, marcado por milagres, não é registro morto, mas presente, que se manifesta em forma de profundo agradecimento.
Sei que existe um verdadeiro “culto” à informação nova, ao registro atual das coisas, em detrimento à história que ficou para trás. Como dizem: “jornal de ontem não vende”, a menos que seja para ser posto nos tapetes dos carros e portanto, ser pisado até que nem mesmo pra isso sirva mais. Mas nós que dizemos amar a Deus, deveríamos garantir que as vitórias graciosas recebidas de Cristo, jamais sejam esquecidas. O esquecimento está estreitamente ligado à ingratidão.
Samuel sabia a importância de uma memória e não permitiria que a grande vitória que Deus havia dado a Israel sobre os filisteus, fosse sepultada com o passar dos anos. Ele tinha conhecimento profundo do que Deus havia feito naquele momento sobre seu povo. Escolher uma pedra e chamá-la de “Ebenézer” (pedra de ajuda) foi uma grande expressão de gratidão e amor, pois na base desse ato estava a certeza: “Até aqui nos ajudou o Senhor”, e nós não vamos nos esquecer disso!  Uma boa memória guarda o que vale à pena. Já dizia o jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano: “A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo.”
Erga seus memoriais, estabeleça seus marcos de vitória, registre as bênçãos de Deus, levante altares de gratidão, mantenha vivo o passado que te faz lembrar que você não está sozinho, mas ao contrário tem sua história marcada pela graça de Deus.

“E ofereçam os sacrifícios de louvor, e relatem as suas obras com regozijo.” Salmos 107.22

"Quando se gosta da vida, gosta-se do passado, porque ele é o presente tal como sobreviveu na memória humana." Marguerite de Crayencour (escritora belga)

Pr. Hilquias Fábio

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